Os crescentes índices de criminalidade em Sobral foram tratados pelo deputado Moses Rodrigues no plenário da Câmara Federal.
Moses Rodrigues (Foto: Divulgação) |
Para oito dos 22 parlamentares cearenses que tomaram posse na Câmara Federal em fevereiro, 2015 foi o primeiro ano de mandato no cargo de deputado federal. Em 125 sessões deliberativas, novatos tiveram, de modo geral, presença maciça, mas quando o cenário mostrou-se conturbado no principal palco da Casa – o plenário-, uns buscaram entrar em cena, enquanto outros foram coadjuvantes.
Neste recesso parlamentar, o Diário do Nordeste fez um levantamento dos discursos e da presença em plenário de quatro deputados. Em comum, quase todos levaram às discussões, em Brasília, preocupação com a violência e com os efeitos da crise hídrica no Ceará.
O deputado federal Moses Rodrigues (PPS) teve, no último ano, 20 discursos em plenário. No mais recente, em 12 de novembro, destacou que, na reunião com o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) no Ceará, Walter Gomes de Sousa, solicitou um estudo de viabilidade para a construção de um açude, batizado de Pajé, em Aracatiaçu, distrito de Sobral.
Segundo ele, uma vez construído, o açude levará água a outros dois distritos da região: Caracará e Patos. Diante da falta de dinheiro para o estudo, Moses anunciou que encaminharia emenda individual para obtenção dos recursos ao DNOCS.
Já em agosto, o parlamentar foi ao plenário da Câmara para criticar a condução da política econômica do governo federal e o desequilíbrio na distribuição de recursos entre União, Estados e Municípios, defendendo a reforma do pacto federativo. Na ocasião, Moses afirmou que “estamos vivendo uma crise política e de representação sem precedentes” e cobrou ações “concretas e imediatas”.
Criminalidade
Os crescentes índices de criminalidade em Sobral também foram tratados por ele no dia 5 de maio. No plenário, o sobralense informou que, nos 112 primeiros dias do ano de 2015, o município registrou 33 assassinatos. “Sobral apresentou em pouco mais de três meses índices de assassinatos muito acima do que cidades consideradas em nível epidêmico de criminalidade em um período de um ano”, citou.
“Quero chamar a atenção das autoridades do nosso Estado para que voltem seus olhos e tomem medidas de segurança e providências para a diminuição da criminalidade em Sobral, que está a níveis abusivos. A população clama por segurança”, completou Moses. Esse pronunciamento, no entanto, não foi proferido, tendo sido apenas encaminhado para a Mesa Diretora da Casa para publicação.
Quanto à frequência em plenário no primeiro ano do atual mandato, de 125 sessões deliberativas, ele esteve presente em 120. Sua ausência não foi justificada em uma das quatro faltas.
Também novato, Ronaldo Martins (PRB) apresentou 18 discursos em 2015, mas discursou no plenário apenas em 12 oportunidades. Em agosto, ele, assim como Moses Rodrigues, chamou atenção para a crise hídrica no Nordeste, que, àquela altura, já havia causado a interrupção total do abastecimento de água em pelo menos 10 municípios cearenses. “O Ceará recebeu a menor recarga em seus reservatórios dos últimos 17 anos, quando esse índice começou a ser medido no atual formato de cálculo”, expôs.
O deputado pediu ações de convivência com a estiagem pelo DNOCS e solicitou à presidente Dilma Rousseff, diante de tal cenário, investimentos em infraestrutura de acesso à água para os moradores do Sertão.
Guerra
Em outro de seus pronunciamentos, Martins demonstrou preocupação com a gestão da segurança pública no Ceará, especialmente nos últimos oito anos, ao denunciar que, no primeiro trimestre de 2015, 1.085 pessoas foram assassinadas no Estado. “Trata-se de uma guerra motivada pela irresponsabilidade na condução da máquina pública, de gestões que priorizam o concreto e esquecem as pessoas”, criticou, cobrando providências do Governo do Estado para redução do número de mortes.
Em março, por sua vez, o parlamentar fez uso da palavra para tratar do sucateamento das Forças Armadas do Brasil e da necessidade de investimentos em materiais e tecnologias bélicas. “Nossas tropas refletem hoje a exata medida da falta de planejamento com que tratamos essa questão ao longo do tempo. Nosso contingente só não é menor em face do serviço militar obrigatório”, argumentou.
Ele citou que a Marinha, atualmente, conta com apenas uma esquadra para a defesa do litoral brasileiro e da Bacia Amazônica. Além disso, seus 30 navios são capazes de atender prontamente apenas o Sul e o Sudeste. “Há pouco mais de 12 anos, a despesa global com a Defesa Nacional era algo em torno de 42 bilhões. Recentemente, esse valor caiu para algo em torno de 30 bilhões”, afirmou.
“A verdade é que, se não fizermos nada, senhoras e senhores, se cruzarmos os braços para essa realidade, em bem pouco tempo teremos uma Defesa Nacional realmente obsoleta, porque, com os recursos de hoje, mal se paga a folha de pagamento do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”, concluiu. Ronaldo Martins esteve presente em todas as 125 sessões deliberativas da Câmara durante o ano.
Sem discursos
Macedo (PSL) foi a 98 sessões e faltou outras 27. Em apenas 10 ele justificou a ausência. No plenário, o parlamentar não discursou nenhuma vez. Apenas enviou, em junho e em outubro, dois pronunciamentos à Mesa Diretora da Câmara Federal para publicação. Em um deles, também pautado pelos efeitos da estiagem nos estados do Nordeste, Macedo cobrou mais empenho na conclusão das obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco pelo Ministério da Integração Nacional.
“Precisamos pressionar o Governo a dar a devida prioridade à integração nacional, em particular para o povo nordestino. Antes do término das obras, necessitamos concluir o projeto de gestão das águas na sua magnitude, para que imediatamente possamos transpor as águas com racionalidade, eficiência e a custos reduzidos para o nosso povo tão sofrido. Iremos trabalhar arduamente com Ministério da Integração Nacional, CODEVASF, DNOCS, Secretarias Estaduais e todos os demais envolvidos na Transposição do São Francisco para tornar esse sonho realidade”, afirmou.
Maioridade penal
Se Macedo teve apenas dois pronunciamentos publicados, Vitor Valim (PMDB), na contramão, contou com 91 discursos em plenário registrados, ainda que, em vários casos, mais de um tenha sido proferido numa mesma sessão e outros tenham sido apenas encaminhados para serem dados como lidos.
Dentre os temas mais abordados por ele estiveram a violência e a segurança pública. Em junho, Valim defendeu a redução da maioridade penal no Brasil. “A população clama por justiça e pelo fim da impunidade. É por isso que boa parte da bancada do PMDB vai votar ‘sim’ à redução”, defendeu, numa das sessões que mais geraram debates no primeiro semestre.
O peemedebista também não economizou críticas ao governo federal, acusando Dilma Rousseff de ser “devedora do Estado do Ceará” após a suspensão da construção da Refinaria Premium II da Petrobras em território cearense. Na ocasião, Vitor Valim pediu empenho da presidente para a instalação do hub (centro de conexões de voos) da empresa aérea TAM em Fortaleza.
“Espero que esse hub da TAM, que juntou todos os políticos num evento apartidário, não gere mais uma frustração para o povo do Estado do Ceará. E eu faço um apelo desta tribuna: Presidenta Dilma, a senhora é uma devedora do Estado do Ceará. Por favor, articule em favor do hub e do Estado”, declarou. Valim esteve presente em 117 das 125 sessões deliberativas de 2015, com um dia de ausência sem justificativa.
Neste recesso parlamentar, o Diário do Nordeste já publicou entrevistas individuais com os deputados Cabo Sabino (PR) e Odorico Monteiro (PT). Além dos citados, Luizianne Lins (PT) e Adail Carneiro (PHS) também tomaram posse, em 2015, como novatos na Câmara Federal. Este último, porém, já não está em exercício – foi substituído pelo veterano Paulo Henrique Lustosa (PP) no dia 17 de novembro.
Fonte: Diário do Nordeste
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