Plataforma da Petrobras na Bacia de Campos: esquema de corrupção na estatal brasileira evidenciou a fragilidade do país em combater criminosos |
Atualmente com 38 pontos, o Brasil está na camada de “sérios problemas com corrupção”, assim como 68% dos Estados da lista. O “resultado desejado” pela Transparência Internacional é de, ao menos, 50 pontos.
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Segundo o destaque do texto, a queda se justifica porque o Brasil tem sido “abalado pelo escândalo em que os políticos são acusados de ter recebido propina em troca de favorecimento em contratos públicos".
Ao lado de Lesoto, o Brasil foi o país que teve maior impacto negativo nesta edição do estudo, perdendo cinco pontos em um ano. Isso correspondeu a queda da 69ª para 76ª posição entre 167 nações medidas.
Empatam com o Brasil a Bósnia e Herzegovina, Burkina Faso, Índia, Tailândia, Tunísia e Zâmbia. Só na América Latina, estão à frente países como Uruguai, Chile, Costa Rica, Cuba e Jamaica. (Veja a lista completa abaixo)
Para Alejandro Salas, diretor regional para as Américas do Transparência Internacional, não é a existência de corrupção que comprometeu o ratingbrasileiro, mas, sim, a complexidade do esquema.
“A corrupção brasileira não vem de um só indivíduo, não há um comandante. Não é apenas um político, ou servidor público, tentando enriquecer. É uma rede que pratica a corrupção de maneira coordenada”, afirma em entrevista a EXAME.com. “O esquema da Petrobras acusa políticos de diferentes partidos, empreiteiros e servidores públicos, todos unidos para fazer negócios ilícitos juntos.”
Apesar de a percepção de ação da corrupção ter aumentado em 2015, Salas acredita que a ação da Polícia Federal e do Ministério Público nas investigações da Lava Jato é extremamente benéfica para a imagem do país no futuro. O resultado é como um passo para trás visando a dar dois para frente.
“É injusto pensar só no lado negativo de tudo isso. Graças ao trabalho de ótimos juízes, procuradores e policiais federais é possível entender como a corrupção trabalha nessas instituições”, diz. “É algo que, em muitos outros países do índice, não está acontecendo. Inicialmente, o resultado passa a impressão de que há mais corrupção no Brasil, mas só sabemos que existe um esquema assim porque esse grupo de investigadores revela esses meandros com seu ótimo trabalho.”
Para outros especialistas consultados por EXAME.com, a pesquisa requer ressalvas.
"A mudança não é tão dramática. Não é como se fosse uma alteração de 20 pontos. Rankings como esse não fazem menção ao volume desviado e, em países desenvolvidos como os Estados Unidos, as perdas são muito maiores do que em pequenas economias", pondera Roberto Romano, filósofo e especialista em ética pela Unicamp.
"A Suíça está super bem colocada, mas é um dos principais centros de lavagem de dinheiro para traficantes de drogas e políticos", diz.
Para Romano, os países de origem de empresas corruptas também deveriam perder pontos no ranking. A metodologia da pesquisa, no entanto, considera que o ambiente corrupto é o determinante — ou seja, no caso de uma empresa norueguesa participar de corrupção no Brasil, o responsável é o ambiente brasileiro de negócio, por exemplo.
Fonte: exame.com
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